O Impacto das redes sociais na saúde mental dos jovens
Descobre como as redes sociais influenciam a saúde mental dos jovens e aprende dicas simples para tirares o melhor partido delas, sem perder o equilíbrio.
As redes sociais são tão importantes na vida dos jovens. Comunicas, partilhas, crias identidade, exploras novos interesses… Tornaram-se ferramentas indispensáveis! Mas, atenção: também trazem riscos que pais, educadores e jovens precisam de conhecer. Segundo o estudo da Netsonda para o jornal Observador em 2025, metade dos jovens portugueses (até aos 28 anos) gostava de passar menos tempo online!
Curiosidade: Sabias que em Portugal, o uso de telemóveis nas escolas já está proibido até ao 2º ciclo? E que a União Europeia está a avaliar a hipótese de proibir a utilização de redes sociais a crianças? isto pode ter no teu dia a dia?
A Escola Note ajuda-te a identificar perigos e cuidados a ter nas redes sociais e dá-te dicas de prevenção úteis, para que as redes sociais sejam uma forma de ligação ao mundo construtiva e não uma fonte de preocupações.
O que diz a evidência?
- Sabias que cerca de 93% dos jovens entre os 12 e 17 anos têm pelo menos um perfil nas redes sociais? Um estudo recente feito pela Universidade de Cambridge mostra que os adolescentes com problemas de saúde mental passam quase 50 minutos a mais por dia online, comparando-se mais com outros e deixando o humor dependente de likes e comentários. Um em cada seis jovens até aos 16 anos enfrenta dificuldades emocionais como ansiedade ou depressão.
- Há ainda a preocupação com a possibilidade de as redes sociais serem um vício. Os psicólogos destacam que as redes sociais ativam zonas do cérebro ligadas à recompensa e ao prazer imediato. É aquela sensação positiva que sentes quando tens um like ou comentário novo, ou quando o scroll se torna infinito, porque estás à procura de mais estímulos visuais!
👉 Sabias que o tipo de uso faz toda a diferença?
- Uso ativo: participares, comentares, partilhares pode ser positivo… se for autêntico e com moderação.
- Uso passivo: apenas fazer scroll pode aumentar comparações e insatisfação.
Os impactos negativos e perigos das redes sociais
Já sentiste aquele FOMO – Fear Of Missing Out (medo de ficar de fora)? O acesso constante a vidas editadas nas redes sociais acentua a comparação e pode levar à auto-crítica e ansiedade. Os estímulos das redes (scroll infinito, likes, comentários) ativam o sistema de recompensa do cérebro, criando uma sensação de prazer… que se evapora rápido, podendo resultar num vício de dopamina. Além disso, há o cyberbullying e a pressão estética, que impactam principalmente as raparigas. Descobre mais sobre cyberbullying aqui 👾
Talvez também já tenhas sentido dificuldade em adormecer à noite, sobretudo se estiveste no telemóvel até tarde. A luz dos ecrãs e as notificações também atrapalham o sono, fazem com que não seja reparador e, tudo isto te tira a capacidade de concentração durante o dia… é aí que a escola pode começar a correr pior.
Os grupos mais vulneráveis
- Jovens que já enfrentam isolamento social ou têm menor suporte emocional e familiar tendem a sofrer mais
- Adolescentes em início de puberdade ou adolescência precoce, em que as mudanças físicas e emocionais são mais intensas, podem estar em maior risco.
- Alguns estudos reportam que raparigas demonstram mais sintomas de baixa auto-estima, comparação, insatisfação com imagem corporal, porque a pressão estética recai mais sobre elas.
- Jovens com traços de perfeccionismo, baixa auto-estima, tendência para ansiedade ou depressão já instalada apresentam maior vulnerabilidade.
- Quanto mais jovens ou quanto mais precoce for o uso intensivo, maiores podem ser os efeitos adversos. A transição para adolescentes médios (14-17 anos) parece ser um período crítico.
Sinais de alerta
Fica atento aos seguintes sintomas:
- Alterações de humor frequentes: ficas irritado, triste ou ansioso de um momento para o outro e sem razão aparente?
- Problemas de sono: é difícil adormecer? Acordas várias vezes durante a noite e de dia sentes-te cansado?
- Queda no rendimento escolar: é difícil ficar concentrado por períodos de tempo de, por exemplo, 20 minutos? Para fazeres intervalos, entras nas redes sociais?
- Isolamento social: estás pouco tempo com os teus amigos presencialmente? Preferes interações digitais?
- Baixa auto-estima persistente e perceção negativa de si mesmo: comparas-te com os outros - fisicamente ou pelos objetos ou experiências que têm? Mesmo que não verbalizes, tens um sentimento negativo em relação a isso?
- Comportamentos compulsivos: não consegues controlar bem a forma como usas as redes? Sentes uma urgência em pegar no telemóvel (verificar notificações, de estar online)? Sentes-te ansioso se não o fizeres?
- Sintomas emocionais: Andas desanimado, com pensamento de inutilidade, com mudanças no apetite?
Boas práticas na utilização das redes sociais e dicas de prevenção
É possível a pais e educadores intervir ao identificar alguns destes sintomas. Falar sobre o que é o mundo digital, criando um ambiente empático para a educação digital pode ajudar os mais jovens a aceitar dicas de prevenção e boas práticas na utilização das redes sociais.
Estabelece limites saudáveis
- Define um tempo máximo diário ou horário específico para as redes sociais. Este tempo depende de muita coisa, mas alguns especialistas apontam o limite das duas horas diárias.
- Usa uma app para controlar tempo em redes sociais ou monitorizar o tempo de ecrã; define lembretes ou bloqueios automáticos.
- Cria zonas ou momentos sem ecrãs: por exemplo, durante refeições ou no quarto antes de dormir.
- Evita o uso à noite, após um certo horário, para diminuir a perturbação do sono.
Detox digital e uso consciente
- Incentiva pausas periódicas, dias sem uso ou em que se reduz intencionalmente o uso.
- Conversa sobre o conteúdo consumido: que páginas segues? São todas de pessoas com opiniões semelhantes? Passam mensagens positivas?
- Promove um uso consciente e seletivo, com menos scroll passivo e mais interações ativas e verdadeiramente recompensadoras — conversas, expressão criativa, aprendizagem.
Cultiva interações reais & hobbies fora do ecrã
- Programa atividades físicas, de desporto, ligadas às artes, à leitura, ou ao contacto com a natureza.
- Marca encontros com amigos presencialmente e reforça os laços familiares.
- Cria momentos de responsabilidade fora do digital (voluntariado, clubes, etc.).
Dá apoio emocional e autoconhecimento
- Encontra métodos de regulação emocional: técnicas de relaxamento, estratégias para lidar com stress.
- Incentiva expressão de sentimentos, conversando ou até promovendo conversas com alguém de confiança ou com um profissional.
O papel dos pais, educadores e profissionais
A educação de jovens e crianças é sempre desafiante e cria naturalmente dúvidas em pais e educadores. Estas são algumas dicas que ajudam a orientar as decisões e comunicação.
Escuta ativa e empatia
- Perguntar como os jovens se sentem nas redes sociais, quais os perfis que seguem, o que gostam ou não nas experiências online.
- Validar sentimentos. Não minimizar a forma como se sentem com frases como “isso é só internet”.
Educação digital
- Ensinar jovens a distinguir conteúdos editados, filtros, publicidade ou imagem idealizada versus realidade.
- Falar de privacidade, segurança online, consequências de comentários ou publicações.
Controlo parental equilibrado
- Usar ferramentas de controlo de tempo de ecrã ou de limitação de uso de aplicações, mas sem impor regras demasiadamente castradoras para bloquear redes sociais, que podem desmotivar ou afastar.
- Participação efetiva: conhecer as redes que os jovens usam, seguir perfis educativos ou modelos positivos, incentivar os jovens a escolher bem.
Recursos de apoio
- Encaminhar para psicólogos ou conselheiros quando surgirem sintomas persistentes de ansiedade ou depressão.
- Programas escolares que incluam literacia digital, bem-estar emocional e habilidades sociais.
- Linhas de ajuda, comunidades de suporte ou organizações que lidam com saúde mental juvenil.
📞800 21 90 90
✉️ linhainternetsegura@apav.pt
Linha da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), para apoio e esclarecimento, além de denuncia de situações abusivas.
Linha SOS Estudante
📞 915 246 060 | 969 554 545 | 239 484 020Escuta ativa e anónima para jovens e estudantes com dificuldades emocionais ou académicas.
📞 808 237 327 | 210 027 159 | 914 590 055[Text Wrapping Break]Apoio emocional, combate à solidão e espaço de partilha.
Saúde 24 – Linha de Aconselhamento Psicológico[Text Wrapping Break]📞 808 24 24 24
Linha do SNS com serviço de apoio e aconselhamento psicológico
Vantagens das redes sociais para os jovens
Nem tudo é negativo! As redes sociais podem ser incríveis para:
- Ligações à distância – Permite contactar regularmente com familiares ou amigos que estão longe, ajudando a preservar laços.
- Envolvimento cívico – Facilita o envolvimento em causas sociais ou políticas.
- Integração social – descobrir grupos, associações e coletividades com que o jovem se poderá identificar.
- Divulgação de eventos – Ajuda a tomar conhecimento de eventos e atividades em que se envolver offline
- Apoio emocional – através de grupos online ou videochamadas com familiares e amigos.
As redes têm muito para oferecer, mas também pedem algum cuidado. Para jovens, pais e educadores, o segredo está no equilíbrio: aproveitar o lado bom, saber quando parar, dar valor às relações cara a cara e ficar atento a pequenos sinais de alerta. Assim, o digital pode ser um espaço que ajuda — e não atrapalha — o teu crescimento.