Como enfrentar o custo de vida na universidade

Como enfrentar o custo de vida na universidade

05 May 2025

Ansioso pela universidade? Já escolheste a cidade, a faculdade e o curso? Deves estar também preocupado com as despesas associadas a esta nova fase. Vê como as podes gerir da melhor forma, neste guia.

Ir para a universidade é o maior salto que os jovens dão antes da vida adulta. A escolha do curso e da faculdade vai definir, ou ajudar a definir, todo o teu futuro. Há diversas universidades, faculdades e cursos, há diferentes necessidades de livros ou materiais, há horários variados e aulas teóricas ou práticas. E para grande parte dos estudantes universitários há uma alteração ainda maior nas suas vidas: a mudança de cidade e de rotinas. Faz parte do gozo de ir para a universidade, ter novos amigos e ganhar independência, mas também traz novas dores de cabeça.

Despesas, uma preocupação crescente

Em Portugal, todos os anos entram no ensino superior cerca de 50 mil estudantes, muitos deles deslocados de casa em distâncias que podem ser de várias centenas de quilómetros, de norte a sul, entre as ilhas e o continente. Para esses, a habitação é o principal custo de tirar um curso superior, mas não só. Um estudo do ISCTE concluiu que são necessários em média 900 euros por mês para estudar no ensino superior, 84% desse valor para habitação e outras despesas pessoais.

Fazemos a lista dos temas e despesas mais importantes em que tens de pensar, e damos algumas dicas para te ajudar a navegar as contas da universidade, sem medos e complicações nas contas da universidade.

👉 Bolsa

Conseguir uma bolsa é uma grande ajuda para ultrapassar as dificuldades com as despesas do ensino superior. Existem vários tipos de bolsas públicas, geridas pela Direção-Geral do Ensino Superior, entre as quais:

  • Bolsas de Estudo, consoante os rendimentos;
  • Bolsas de Mérito, que premeiam os melhores alunos;
  • Bolsas de Incapacidade, para estudantes com grau de incapacidade acima de 60%.

As inscrições são feitas no site da DGES, e também podes confirmar se tens acesso e fazer uma simulação de valores a receber aqui (dados de 2024-2025).

Paralelamente, vários municípios concedem bolsas de estudo para os seus residentes poderem frequentar a universidade. E as instituições de ensino, nomeadamente as privadas, podem ter os seus próprios programas de apoio a alunos. Existem ainda diversas instituições, como fundações, que disponibilizam bolsas e outros apoios a jovens estudantes.

As bolsas, em geral, podem envolver o valor das propinas, podem ser um apoio financeiro mensal, ou ambos. Informa-te na tua escola, na tua cidade, na universidade para onde vais, e em canais públicos sobre bolsas disponíveis. E fica atento também a empresas, quer locais, quer nacionais e multinacionais, que também oferecem, por vezes, bolsas de estudo.

👉 Propinas

É o custo ‘oficial’ do curso, o pagamento que é feito todos os anos à universidade. Desde 2021, nas universidades públicas o valor das propinas está limitado a um máximo de 697 euros. E a haver descongelamento, será apenas no ano letivo 2026-2027. O pagamento pode ser feito na totalidade ou dividido em prestações, no máximo sete, cabendo às universidades definir não só o valor das propinas, como as datas para um pagamento faseado.

No privado as propinas são mensais, podem variar bastante dependendo da universidade e do curso, e normalmente há uma inscrição anual paga também, pelo que as contas a fazer são mais elevadas. É importante informares-te sobre esses custos e sobre os apoios ao pagamento disponíveis caso pretendas escolher uma dessas instituições.

👉 Habitação

É o maior custo que os estudantes têm durante o curso quando têm de sair de casa dos pais, exceto quando estudam no privado e têm de suportar as propinas. Em Portugal há cerca de 110 mil universitários do ensino público, de diferentes anos, a viverem longe da família todos os anos, e a oferta de alojamento para estudantes ronda as 17 mil camas nas residências universitárias públicas, 35 mil se forem considerados outros espaços de habitação destinados a estudantes.

Caso consigas uma vaga numa dessas residências, ótimo, fica um grande problema resolvido. E se não tiveste acesso a bolsa do Estado, ainda recebes um apoio mensal de até 91,34 euros. Se estudares no público e não conseguires vaga numa residência universitária, tens direito a um complemento de alojamento, quer sejas bolseiro ou não, desde que o teu agregado familiar tenha rendimentos inferiores a 41.629 euros, o 6º escalão.

O valor máximo do complemento de alojamento varia em função do concelho de residência para efeitos de estudo, sendo aplicada uma percentagem do Indexante de Apoios Sociais (IAS), fixado nos 522,5 euros em 2025.

  • 496,4 euros (95% do IAS), se residirem em Lisboa, Porto, Oeiras, Cascais e Sintra;
  • 444,1 euros (85% do IAS), se a casa for em Braga, Coimbra, Faro, Almada, Amadora, Matosinhos, Loures e Odivelas;
  • 391,9 euros (75% do IAS) se morarem nos restantes concelhos.

Estas medidas aplicam-se a estudantes deslocados, mas também àqueles que estejam numa situação de emergência por razões humanitárias; os que têm proteção temporária e ainda os portugueses que não residem habitualmente em Portugal.

Como escolher a habitação

Quando estás à procura de casa, o preço é normalmente o fator mais importante, para ajudar a manter o orçamento estabilizado. Mas há também outras coisas que deves ter em atenção: a distância, a facilidade de transportes, a existência de comércio ou outros serviços de que possas necessitar. Normalmente é mais fácil partilhar casa com amigos, mas é melhor se tiveres bastante confiança com eles e que as regras estejam definidas e acolhidas entre todos.

Se não conheces a cidade para onde vais, tenta visitá-la, conhecer a zona da universidade onde pensas estudar e as outras zonas à volta ou com facilidade para deslocação. Assim ficas com uma melhor noção de onde gostarias de viver e outras que, parecendo mais longe, têm bons acessos.

Na altura de procurar a casa, além da universidade, que pode ter informações para ti, ou das agências imobiliárias tradicionais, existem algumas plataformas dedicadas especialmente a alojamento para estudantes que podes consultar. Dá uma vista de olhos neste sites:

👉 Transportes

Os passes de transportes públicos são gratuitos para todos os estudantes até aos 23 anos, independentemente de ser autocarro, metro, barco, elétrico ou comboio urbano. A medida, que arrancou em 2025, melhora a vida dos universitários - e as contas - tornando até mais fácil encontrar casa numa zona mais afastada da cidade que permita chegar à faculdade de transportes.

Existem, contudo, outras deslocações a fazer, principalmente quando a família está longe. Com tempo, é possível conseguir ter bilhetes de comboio ou de autocarro com bastante desconto, pelo que vale a pena tentar comprá-los com antecedência. Além disso, há ainda um complemento público à deslocação, para os estudantes afastados de casa, até 50 euros por mês, 400 euros por ano, mas apenas para os que são bolseiros.

👉 Livros e materiais

Não é possível fazer um curso superior sem cadernos e canetas, sem computador, sem outros materiais específicos de cada curso, e sem livros, que podem ser bastante caros no caso de especialidades técnicas. Mas calma, não tens de ir a correr comprar tudo.

Informa-te sobre a cedência de livros de alunos de outros anos, procura na biblioteca, pede emprestado a amigos, compra livros em conjunto com eles, e concentra-te naqueles que são mais importantes para as disciplinas ou que gostarias de ter. E não te esqueças de que já existem bastantes livros e manuais em versão digital. Informa-te antes de ires a correr para a livraria.

👉 Alimentação

Saudades da comida da mãe ou da avó? Vais ter, quase de certeza, mas isso não quer dizer que vás passar fome, podes é aprender a cozinhar melhor. E podes experimentar todas aquelas receitas que te aparecem nas redes sociais. Mas aproveita de cada vez que fores visitar a família, vale a pena trazer a mala mais carregada com comida, para gerir melhor a mesada.

Além disso, as refeições na universidade podem ser caras se não tiveres desconto, e tudo somado fica uma grande despesa ao fim do mês. Leva uma marmita para a universidade, almoço e lanche, e deixa as refeições - na cantina ou na rua - para quando estás muito aflito com o estudo. E aproveita os descontos em comida, como os da Too Good To Go, que ajudam a combater o desperdício. Assim, até te sobra dinheiro para outras coisas, ou para jantar e sair à noite com amigos.

Na internet e nas redes sociais consegues encontrar muitas receitas, algumas delas pensadas até para estudantes como tu. Pesquisa, vê aquilo que gostas e experimenta, arrisca. Se não sabes bem por onde começar, deixamos-te três sugestões que te podem ajudar:

  • A app SaveCook, uma plataforma criada por estudantes onde podes ver receitas, dicas para poupar no supermercado e na cozinha, e ainda consegues partilhar as tuas próprias receitas.
  • A Pitada do Pai, um projeto, com blogue, site canal de YouTube e livros, em que podes encontrar inúmeras receitas, muitas delas pensadas para poupar, algumas especificamente para estudantes.
  • O TikTok da Rita Camoesas, uma antiga finalista do MasterChef Portugal que partilha muitas receitas fáceis e criativas para estudantes.

👉 Outras despesas e vida social

Claro que não vais ficar fechado em casa quando não estás nas aulas, vais querer ir ao cinema ou a concertos, jantar com amigos e sair à noite. Tudo isso é fundamental também para a experiência da universidade e dá outras lições de vida, além de te ajudar a criar laços que vão ficar depois, ajudando a abrir portas para o futuro profissional.

Para conseguires manter as tuas despesas em ordem, podes usar uma aplicação de poupança com várias características e funcionalidades, como a portuguesa Boonzi, a Organizze, a Monefy, ou a também muito conhecida YNAB.

Também podes gerir o teu orçamento numa folha de Excel, ou escrever num caderno todas as despesas que tens de pagar e o dinheiro que recebes dos teus pais, ou outros rendimentos que tenhas, como a nota oferecida pela avó às escondidas. A coluna das despesas deve começar com tudo o que tens mesmo de pagar, da habitação às propinas, do telemóvel aos serviços de televisão, água ou eletricidade, caso não estejam incluídas na habitação. Desta forma, ficas a saber quanto sobra e podes gerir esse valor numa base semanal, por exemplo.

Se as despesas forem muito elevadas e se os teus pais não te conseguirem ajudar com tudo o que tens de pagar, pondera arranjar um part-time, para conseguires ter dinheiro tanto para a faculdade como para as saídas ou um fim-de-semana fora com os amigos. Se conseguires trabalhar na tua área, ainda melhor, é uma formação preciosa.

👉 Outras dicas para gerir as economias na universidade

As contas para pagar e os gastos de última hora podem chegar de todo o lado e a qualquer momento. Conseguir gerir tudo isso é difícil e complexo, mas há muitas formas de manter o equilíbrio, sem sacrifícios excessivos. Lembra-te que é importante teres sempre algum dinheiro disponível para uma emergência. Portanto, no dia a dia, segue também estas dicas que te ajudam a ter as contas em ordem:

  • Aproveita descontos de estudante ou de jovem;
  • Planeia as refeições e as compras de supermercado;
  • Compra produtos de marca branca, mais baratos;
  • Aproveita vales de desconto e cartões de cliente em lojas e supermercados;
  • Mantém uma rotina de compras e usa listas, se fores mais vezes, acabas a gastar mais;
  • Usa comparadores de preços, principalmente para produtos eletrónicos ou mais caros;
  • Compra produtos online, frequentemente mais baratos;
  • Aproveita materiais ou serviços da universidade (internet, salas de estudo, psicólogo);
  • Divide viagens com amigos se andares de táxi ou TVDE;
  • Compra produtos em segunda mão, como por exemplo roupa;

Acima de tudo, controla bem os teus gastos e dá prioridade ao que é mais importante, mas não deixes de sair, de te divertires. A vida social é também uma parte importante do teu curso!

 



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